Tenho de ir mãe, tenho de ir… preparei-te para este momento, avisei-te vezes sem conta, disse quando, disse como, fechei a porta e saí. Nunca acreditaste que o fizesse, nunca acreditaste que esse dia chegaria, dentro de ti existiu sempre uma réstia de esperança que seria sempre o teu menino, que seria sempre o teu companheiro, que ficaria “preso” no teu porto seguro. Tenho de ir mãe, tenho de ir… o silêncio consome-te e é apenas quebrado pelas telenovelas e “Portugais em Festa”, olhas para o telemóvel na esperança que toque e cada dia que passa recorda-te o que tiveste e agora não tens… Vagueias pela casa fixando o teu olhar em recordações silenciosas de um passado que devia ser presente, mas está ausente… Tenho de ir mãe, tenho de ir… preciso de queimar o jantar, dobrar mal a roupa, limpar a casa de banho e apreciar a ausência de cotão pelo chão. Preciso de pagar as contas, de usar as calças e sair das saias, preciso ser homem e deixar o menino… Tenho de...