Mais um ano. Mais uma edição do concurso World Press Photo. Tanta coisa aconteceu no mundo e captou a atenção das objetivas dos fotógrafos, pessoas que conseguem ver para além do que é visível.
Esta
fotografia foi uma das vencedoras e nela conseguimos “ver” angústia, medo,
sofrimento, solidão, saudade … Será que vemos mesmo?! Claro! É só olharmos com
olhos de fotógrafo!
As
minhas alunas do 10ºA fizeram-no e o resultado está aqui.
Professora Graça Albuquerque
A guerra traz muitas
coisas… Destruição, morte, medo, desespero, mas também um vazio, um grande
vazio! Um vazio que dificilmente volta a ser preenchido, tal como esta sala de
cinema, que devido ao controlo dos talibãs sobre o Afeganistão, não voltarei a
ver cheia tão cedo. Agora está tudo tão silencioso…
Ponho-me a pensar, até
reparar que já estou há horas a olhar para esta sala vazia, apenas a olhar….
Tantas crianças que se riam neste local! Só quero que tudo volte, só quero
voltar a ouvir algo de que goste e não apenas o temido silêncio.
O sofrimento que todos os conflitos trazem, nunca acaba. Tento continuar, mas não consigo parar de olhar para esta sala tão vazia!
Diana
Almeida, 10ºA
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O ruído do cinema vazio
Paro.
Estou no meio do cinema Ariana, na cidade de Cabul, no Afeganistão. Está tanto
barulho que nem consigo ouvir o bater do meu coração!
Espera, ainda é 2021, o único ruído que ouço é o do meu coração
partido! Não está aqui mais ninguém, tudo o que ouço são memórias, ecos de
vozes, sorrisos e choros que ressoam em mim.
A luz de um holofote ilumina a minha angústia, o meu desespero
que reflete o que sente o povo perante a opressão dos talibãs!
As cadeiras vermelhas são o sangue de todas as pessoas que, um
dia, estiveram aqui, a viver, não a sobreviver a uma guerra que ninguém irá
ganhar.
O Ser Humano deve transformar o vermelho sangue em amor. Amor e
respeito por tudo, por todos.
Doce liberdade... Mas só na minha mente!
Diana Sousa, 10ºA
Agosto de 2021.
Ali
estou eu frente a frente com um homem. A primeira coisa que penso é “Vou morrer
ou ser violada e apedrejada em praça pública”.
Para
algumas pessoas isto soa estranho e atrevo-me a dizer, parvo, mas na minha
realidade a vida é assim!
Desde
que os talibãs voltaram a minha vida é este inferno, e acreditem que não estou
a usar nenhuma hipérbole! Não posso sair à rua sozinha, não posso falar com
quem quero, não posso usar sapatos que façam algum tipo de barulho, mas sou
corajosa e deixo-me guiar pelos meus sonhos.
Ouvi
dizer que um filme ia sair do cartaz do cinema Ariana, e, como sei que a última
sessão da noite tem poucos espetadores, elaborei um plano para conseguir sair
de casa e ir ao cinema.
Por
mais surreal que pareça, tudo correu bem! Vi o filme e, após ter a certeza de que
todas as pessoas tinham saído, levantei-me, olhei para trás e vi um homem que
me olhava com tristeza.
A
adrenalina domou o meu corpo e senti o sangue a borbulhar. Não me movi,
permaneci totalmente parada, até que o homem deu um passo.
Lágrimas,
soluços e, no meio disto tudo, implorei para que me deixasse ir.
O
homem virou costas, saiu da sala e antes de fechar a porta disse: “Mulheres
também são seres humanos! “.
Matilde Almeida, 10ºA
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